terça-feira, 21 de outubro de 2008

GAZETA DO PARANÁ - Terça-feira, 21/10/2008 - Paraná FRANCIELLY HIRATA DA REDAÇÃO ­ CASCAVEL Os casos de violência, indisciplina, falta de limites e valores dos alunos nas escolas relatados pelas reportagens da Gazeta do Paraná no decorrer deste mês podem parecer sem solução para muitas pessoas. Mas, ainda há quem acredite na mudança das crianças e na necessidade de uma ação mais intensa, presente e exemplar. Algumas escolas municipais e principalmente os pais contam com a ajuda dos policiais do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd), desenvolvido pela Polícia Militar em parceria com a Secretaria de Educação de Cascavel, que vão para as salas de aula ensinar "lições" de cidadania e prevenção ao uso das drogas. Os alunos da 4ª sério da Escola Municipal Nicanor S. Schumacher, da Vila Tolentino, presenciaram ontem (20) mais uma destas aulas. Ministradas pelo soldado mentor do Proerd, Fernandes Adalberto Schu, a sexta aula da turma aborda as bases da amizade, com informações sobre a escolha das companhias e grupos e as influências positivas e negativas dos amigos. Para aprender a selecionar as amizades, o soldado trabalha com a cartilha do programa e outros recursos, como relatos da realidade, fazendo com que as crianças reflitam, questionem os seus relacionamentos e pensem o que realmente é ser amigo. "Um amigo não trai, não pede para que tenhamos segredo", aponta um aluno. "Um amigo de verdade a gente conhece a família", responde outro estudante da sala de 29 crianças divididas em grupos para a atividade. As aulas do Proerd são interativas com os estudantes, após responderem nos livros quais atitudes devem tomar diante da oferta de cigarro em um grupo de amigos, os alunos da 4ª série representaram as ações de pressão dos falsos amigos para influenciar o uso de algum tipo de droga. "Tem pessoas que usam drogas só para provar que são corajosas", reflete uma estudante de apenas 9 anos. Para o policial, mais do policial ou professor, o instrutor do Proerd acaba sendo a figura de referência para algumas crianças, que hoje são carentes de exemplos. "Há uma falta de valores, falta da família, de religiosidade e modelo de espelho. O proerd fortalece os vínculos e a criança hoje vê o policial como amigo e até mesmo como pai", revela o soldado.

A presença dos policias nas salas de aula
desmistificando as drogas e usando de linguagem próxima das crianças para trabalhar um tema, que muitos profissionais da educação possuem dificuldades pela falta de especialização, é considerada positiva para a professora Leila Mara de Souza. "Para nós é excelente, contribui para o comportamento das crianças e principalmente para a vida pessoal delas, que aprendem atitudes que irão beneficialas", ressalta a professora da turma. Souza relata que em seus 3 anos de experiência com o programa, percebe uma significativa mudança de comportamento nas crianças com as aulas. "O Proerd só vem a contribuir, porque eles realmente aprendem a ficar longe das drogas", salienta. Para a responsável pela 4ª série da escola, os resultados do programa são amplos, atingindo toda comunidade escolar e os pais. "Os alunos da 3ª série ficam na expectativa para chegar a 4ª só para ter o Proerd e os alunos da 4ª série levam para a casa, para os seus pais as discussões feitas aqui", assegura a professora ao reforçar que os educandos que fazem o programa não faltam de segunda-feira, o dia das aulas.

Já para os alunos da professora Leila,
as atividades com o soldado Fernandes são especiais, "marcantes em suas vidas", como descrevem. "Eu adoro, porque aprendo a tomar as decisões certas para me proteger das drogas", relata a pequena Natália Bertelli de 9 anos. Para a estudante, as aulas do Proerd incentivam o aluno a pensar e tomar suas próprias ações, que terão conseqüências para o futuro. "O soldado não dá nada pronto pra gente, ele faz a gente pensar, saber o que é bom para nós mesmo, afirma. Assim como a menina, Luiz Gustavo Tasoneiro, de 10 anos é um dos alunos que mais participa das aulas, sempre atento às situações apresentadas pelo soldado e com respostas para as perguntas, o estudante é decisivo. "Aprendo a não usar drogas nunca". O aluno assegura que depois das lições que teve desde o começo do ano, sabe valorizar mais as relações. "As aulas são bem legais e faz a gente ver bastante o valor da vida", pontua. Os dois pequenos revelam que ainda não tiveram nenhum contato com drogas, ninguém ainda ofereceu e não conhecem ninguém que usa, mas são categóricos. "Eu vou dizer não, mesmo que me chamem de careta ou filhinha do papai", diz Natália. "Eu vou dar as costas e não ligar para o que ele vão falar", afirma Luiz. FRANCIELLY HIRATA DA REDAÇÃO ­ CASCAVEL O Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) é bem visto por toda sociedade e seus efeitos são percebidos pelos próprios alunos, pais e professores, que reclamam quando o programa não é desenvolvido em suas escolas. No início do mês a diretora e professora da Escola Municipal Luiz Carlos Ruaro no Jardim Gramado questionaram a falta da atuação dos policias na 4ª série da escola, que no ano passado possuía a ajuda do Proerd e este ano não foram atendidos. O soldado mentor do Proerd, Fernandes Adalberto Schu, explica que atualmente somente 4 policias realizam o programa em Cascavel e ainda enfrentam dificuldade de recursos. "Temos apenas 1 viatura, por isto tivemos que diminuir o número de escolas atendidas, mas percebemos que é inviável, porque tem algumas que necessitam, então o pessoal tem que utilizar o carro ou moto próprios", explica o soldado ao relatar que por utilizar veículos próprios, os policiais optaram por selecionar algumas escolas próximas às suas residências. Mas, assegura que as escolas das regiões mais necessitadas são atendidas, com o esforço do grupo do Proerd. "Fazemos o trabalho preventivo, e esta ainda não é a política de prioridade da polícia. Somos ainda o segundo plano, mas cada vez mais estamos percebendo que vai ter que ser o primeiro", revela o instrutor do Proerd ao avaliar a falta de incentivo pela demora dos resultados do trabalho preventivo, que são vistos com o decorrer dos anos. "Mas nós estamos tentando fazer o possível para melhorar", assegura. O soldado sabe que atualmente o programa não tende 60% das escolas, pela falta de pessoal e condições de trabalho. "Nós os instrutores que vamos para sala não temos nem o respaldo de uma equipe pedagógica", salienta. Devido às dificuldades enfrentadas pelo programa, os instrutores precisam selecionar as escolas que atenderão, que segundo Schu, os critérios para a decisão são: a necessidade das escolas, a proximidade da casa de alguns policias que precisam utilizar os veículos próprios e ainda o grau de interesse das escolas. "Mas tem escola também que deixa tudo para o policial, como se ele fosse resolver todos os problemas dos alunos. Para o programa ter sucesso é preciso uma parceria da escola, polícia e família. Temos que nos preocupar com as mudanças das crianças, e elas percebem o descaso de alguns professores", explica.

As perspectivas para o Proerd ainda
não são as melhores, já que está entre as ações de segundo plano da polícia, mas o soldado garante que o pequeno grupo de atuantes na cidade irá reforçar as atuações, principalmente com os grupos de pais, que atualmente é realizado com 40 responsáveis de alunos do Jardim União. "Nosso maior problema é com o efetivo e o deslocamento dos policiais, mas para o ano que vem queremos ampliar algumas ações, como o número de escolas atendidas, incluindo particulares e os grupos de pais", espera o policial que garante que tentará colocar no cronograma a escola do Jardim Gramado que ficou sem atendimento este ano.




FRANCIELLY HIRATA
DA REDAÇÃO ­ CASCAVEL As crianças que podem presenciar as aulas do Programa Educacional de Resistência às Drogas e à Violência (Proerd) aprendem mais do que dizer não às drogas, aprendem também a serem responsáveis pelas suas atitudes e que são capazes de mudar os seus conceitos e valores. O soldado mentor do Proerd, Fernandes Adalberto Schu, explica que as 8 lições da cartilha do programa são baseadas em teorias recentes da educação, com auxilio de especialistas, para trabalhar de forma incisiva com as crianças. "Eles têm que aprender a tomar a decisão deles, por isto passamos técnicas de confiança, de recusa da oferta de drogas" revela. O soldado salienta ainda que ações que desmistificam as drogas são importantes, pois quanto mais se nega um fato, mais as crianças querem conhece-lo. "A idéia de "endemonizar" as drogas dá força para elas, temos que desmistificar, falar que é a minoria das pessoas que fumam, bebem e usam todas as drogas", explica o trabalho dos policias em sala. Para o policial, é importante trabalhar com as crianças as conseqüências de suas atitudes, para que elas mesmas criem os argumentos de negação e a consciência de que as drogas e a violência são negativas na vida das pessoas. "Percebemos que as drogas são os amuletos dos problemas, quem as utiliza é por vários motivos, entre eles a falta de possibilidade, de acesso à educação, esporte e cultura", avalia. Schu afirma que é preciso trabalhar outros aspectos da vida das crianças, como as famílias, que hoje estão desestruturadas e com dificuldades de impor limites e exemplos. "As crianças que não tem um espelho em casa, muitas vezes encontram no traficante da rua o modelo que os pais não são", pontua. Mas, o policial acentua os resultados positivos do programa, que depois de anos começa a apresentar resultados significativos. "Um estudo mostrou que em 2 anos de atuação, 98% das crianças que fizeram o Proerd não haviam entrado em contato com as drogas", comenta feliz o resultado de seu trabalho.

4 comentários:

fernanda disse...

olá gostaria de saber como ter um proerd em meu municipio, moro em anahy-pr, dese já agradeço a atenção
meu e-mail para contato é ferzika@hotmail.com

Escola Maria Neres disse...

Ola policial eu aprendi muito com suas aulas como a combater as drogas e também a recistir aos tipos de preções. Muito obrigado por me ensinar,tchal.Marcos 4°d professora Rosangela.

Fernandes Schu disse...

Ótima pergunta. Como fazer para implantar o Proerd em sua cidade?
Entre em contato com a coordenação do Proerd junto ao comando da patrulha Escolar de Cascavel PR, o numero para contato é 45/32206646.

gatinha disse...

fernandes sou a michele q tirou foto com vc no dia da formatura no atilio destro me adisiona no orkut e lele_vip_10@hotmail.com